domingo

Caixa-Forte

Reúno uma mão de amigos e não sinto falta de mais, sinceramente. Há quem diga que dos verdadeiros nunca são em número suficiente, mas os que me estão perto bastam-me, não pretendo outros com todos os seus defeitos que lhes reconheço, que a mim me apontam e agradeço. Vem isto a propósito, de bastas vezes me achar na condição de confidente de puros estranhos. Dos que nada me são, daqueles que só me dirigem o gesto do cumprimento polido e um dia - na mais perfeita incongruência de ambas as partes - acharmo-nos num confessionário sem esforço, em que eu sou mera escuta e os meus bocados são retalhos de pedra. Talvez por isso, me achem uma caixa-forte capaz de guardar o que ouve para todo o sempre, sem devassa de boca e orelha alheia.

 

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