sábado

A evolução da vontade

Houve um tempo em que o apetite de escrever estava intimamente ligado aos sentires, quiçá uma forma de exorcismo tão maior que o próprio registo, que afinal sentir é sempre uma questão tão efémera e singular que é quase impossível reproduzi-la. Vem isto a propósito dessa vontade se ter tornado púdica ou até preguiçosa ou até duvidosa ou até este todo num blogado que não me pareceu meritório de vir aqui ser exposto para mais tarde lido, eu própria achar-me em pedaços e torcer o nariz na sua escorreita demonstração ortográfica, comentando que estaria injusto, mal retratado ou simplesmente dando-lhe importância relevada quando não tinha passado de empolgação, verdadeira no instante, porém fugaz. Assim é a escrita também. Uma evolução constante de sentires, amadurecidos, uns quantos a quererem-se privados pelo delinear do texto, outros rejeitados pelo ignóbil da qualidade, ainda os de bom tempo que surgem na vontade como é o caso.