terça-feira

HH

A crueza da vida não é termos a certeza de nascer e morrer um dia. É durante estes dois pontos, alguém nos ter feito uma marca que impressionou e que na partida, deixa um vazio difícil de suportar. Não é hábito meu aqui falar das mortes alheias. Nem mesmo daqueles que me são apetecíveis, bocados de mim como os entendo, um todo rico em que me faço aos lê-los, visitá-los na sua arte, nas suas artes, porque não só do mundo das letras estes homens e mulheres que me impressionam pertencem, mas nesta triste data em que Herberto Helder morre, um pedaço da minha fortuna se delapida ao pensar que do seu tesouro mais fatia alguma me encherá para alimento. Satisfaço-me da obra feita e retorno ao que conheço como se da primeira vez aí fosse. Contrariamente a ele, agradecida pelo prémio deixado. Obrigada Herberto.
 
 

quinta-feira

Eclipse

Apesar de estarmos no séc.XXI, estas coisas das estrelas e dos astros continuam a fascinar a humanidade com o mesmo mistério e intensidade. Claro que já ninguém (pois não?!) atribui os eclipses a obra do demo ou truques de magia, mas a dimensão do inalcançável ou o conceito em si do homem na terra e o Sol ao alto e a Lua no céu, faz com que o desejo da distância se encurte mas por outro lado se mantenha o imaginário. Porque afinal, do homem é o sonho, a fantasia. Vem isto a propósito, da necessidade de se querer compreender sem tirar o brilho do desconhecido. E esta dicotomia que anima o engenho, enquanto não se descobre não se sossega e depois de desvendado outro tanto se pergunta. Não vi o eclipse. Guardei para mim a lembrança de menina quando tinha que esfumar um pedacinho de vidro com uma vela, fechar um olho e olhar com muito respeito com o outro. Blogados de inocência.
 
 

domingo

Flores

Dia Internacional da Mulher. Vou descendo a rua e vem uma senhora com um rasgado sorriso e oferece-me uma flor. Agradeço e junto-a ao meu livro. Há grupos de homens e mulheres felizes a distribuírem flores pelas mulheres que passam, vão dizendo Dia Internacional da Mulher. Quase todas as mulheres que se cruzam comigo transportam na mão uma flor. Sorrimo-nos. Mais adiante, um cavalheiro atravessa o passeio e vem oferecer-me uma flor, exibo a que tenho e sorrio, ele insiste e eu aceito, dizemos Dia Internacional da Mulher. Dirijo-me ao café onde habitualmente vou aos fins de semana e desta vez quero ser atendida na esplanada, não que seja apreciadora de tais sítios, mas gosto de ver homens e mulheres felizes a distribuírem flores.
 
 

Alarmes

Há dias, mais propriamente datas, que nos fazem disparar alarmes. Hoje é um deles. Mas por mais que tente lembrar sobre o quê, que tenha procurado na minha memória, virado a agenda, buscado em alertas nas diversas app que a tecnologia nos disponibiliza actualmente, nada achei. Ainda assim, estive toda a jornada com a sensação que alguma coisa muito importante se me escapava e que iría pagar uma factura qualquer por esse esquecimento. A mente tem destas coisas, partidas que nos prega pela lembrança de um facto ou comemoração ou apenas um sinal que deixa. Só não me recordo de recordar. Triste. Se ao menos estes blogados me dessem uma pista... Mas nem mesmo estes pedacinhos se fizeram anunciar de arauto para uma pequeníssima luz que me avivasse a memória, porém a sensação de falta está cá. Talvez amanhã, quando já não for preciso me lembre. Como um objecto perdido.