quinta-feira

Morder a língua

Embora acusada de ter um feitio dificil (e não usarei outros adjectivos) a educação a que fui sujeita impede-me de referir o que tenho muitas das vezes vontade de lançar boca fora. E digo lançar, porque a força e o ímpeto com que fico são de tal forma intensos, que mais parecem um vómito. Mas - e há mas nesta história - a refrear-me a bendita educação burguesa de boas maneiras sobre nem tudo é para se dizer, contenção, contenção, a cozer-me a boca e a permitir ouvir as alarvidades alheias sem lhes dar o troco na medida igual, retorquindo polidamente e afastando-me a morder a lingua, para que esta não tenha uso a não ser a dor. Um dia, sonho que terei um dia sem filtros, em que farei o gosto à garganta e tudo direi de prontidão. Nesse dia, podem usar todos os adjectivos.
 
 

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