quinta-feira

Recortar(-me)-Parte dois

Há doeres que não compramos. São-nos oferecidos como um contrapeso. Pesam-nos. Fazem-nos dobrar pela carga. E ao tentarmos libertar-nos desse excesso, demasiado para o que possamos aguentar, vemos que se tornaram adesivos. Não largam. Acabam por se derreter em nós próprios e tornam-se parte de nós. Como um organismo parasita. Como um membro que não podemos dispensar ou sentimo-nos incompletos. Mesmo sabendo que se alimentam do nosso sangue. E o sangue mistura-se com a dor. E surgem novas veias. E se as cortarmos tentando arrancar o mal pela raíz, sucumbimos. Esvaímo-nos. Na nossa própria dor.

Sem comentários: