domingo

Hienas

Também os outros me arrancam bocados. Da pele, do coração. De cá de dentro, os que mais doem. Bocados que não se veem. Mordem-nos antes de os rasgar de mim. Mastigam-nos, puxam e depois cospem-nos. À minha vista. Sugam-lhes o suco e largam-nos. Sugam-me o que sou. Bocados de mim que me fazem inteira e me deixam amputada. Levam-me pedaços, crescem-me lágrimas. Mas sendo estas instantes de pedaços não ocupam os buracos que me escavaram. Dói mostrar os nossos retalhos e separarem-nos do resto do todo. Vulgarizarem-nos pelos bocados.

Sem comentários: