segunda-feira

Falar, falar, calar, calar

Considerando que há pessoas que calam o que sentem há outras que sofrem de uma incontinência verbal, em que tudo o que lhes atravessa o comando do pensamento perde o norte na vocalização do que sai. E se sai muita asneira e muita palha, verdade é que também libertam coisas verdadeiramente sinceras. A questão é achá-las. Parece que então o nosso cérebro se defende, preparando-se para um caudal exaustivo sobre a tediosa tarefa de escutarmos patacoadas em linha, distraíndo-se de reter o que de facto é genuíno. Arrumamos o assunto. Não estamos para isso. Um alivio quando o botão se desliga. Perdemos assim verdadeiros pedaços em que verdades aos bocados são atiradas de uma forma tão tosca e bruta que nos razam sem apanharmos o verdadeiro sentir. Mas agarramo-nos ao silêncio. Àquele que pesa, que nos adensa, que nos constrange e por temor do que não ouvimos julgamos que o bocado da verdade apenas e só reside aí.

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