quinta-feira

A euforia do passado

A estranha melancolia das memórias tem o condão de nos passar um véu pelos olhos e mistificar as realidades. Mesmo que seja o próprio a puxar pela cabeça e a recordar os momentos por que passou. Vá lá saber-se porquê, mas há a tendência de dourar a pílula e contornar os pormenores, deixar os ângulos menos bicudos e visualizar a cousa sempre de um forma mais doce. Vem isto a propósito, de em certas alturas lembrar-me de cenas do passado, sejam elas de há anos ou da minha infância, e uma nebulosa cortina aqui e ali, nalgum instante, aparece, provavelmente no inconsciente, que me faz duvidar se foi ou não, faço retrocesso, depois avanço, mas numa fracção de tempo, um segundo, há uma hesitação em que a duvida se instala porque não há certeza se efectivamente foi mesmo bom ou mal assim. É quase uma euforia, um borbulhar. E depois sigo no desembrulhar dos pensamentos, fluidamente. Mecanismos do cérebro, partidas de quem se ocupa a escrever blogados, tenho para mim.
 
 

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