terça-feira

Respeito

Preciso de tranquilidade no final do dia. Preciso desse pedaço de sossego para que os meus bocados se reforcem e se retornem num todo para o dia seguinte, podendo então voltar a desmembrar-se e suportar a ruptura, repetindo a integração do ciclo. Por isso, quando aqui venho e escrevinho, é natural que nesta actividade, embora não tendo a prosápia de escritora, exiga a mesma paz. Alguém, ignorando a lei do silêncio e do respeito pelo seu semelhante a partir das 22h, resolveu entrar noite fora, quiçá espantando-a, a dar umas valentes marteladas, a ritmo incerto. De inicio, achei que era coisa fortuita, estaquei o que fazía e retomei; Mas perante o seguimento furioso e insistente, a minha capacidade de concentração apenas e tão só se focou na contagem das marteladas, o que denota um comportamento obssessivo do martelador mas igualmente de minha parte. Do respeito pelas horas do descanso, da lei e dos demais moradores do prédio, nem vê-lo. Provavelmente terá ficado esborrachado sob uma das 1479 pancadas que escutei.
 
 

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