segunda-feira

Mar de mim

Atirei-me a estes bocados como um todo armado em tábua, não de salvação que essa não se agarra assim e aqui, mas de uma tábua que me desse amparo aos braços até nadar salva à praia do meu todo. Porém, guiam-me as marés para dentro de mim mesma e quanto mais nado e me impulsiono para chegar a porto seguro mais pedaços de mim recolho nesta navegação pouco própria, descuido correntes e afasto-me do objectivo. Canso-me a juntar estes meus bocadinhos e perdida no tempo deixo que a noite caia com todos os perigos da cegueira de não me ver na escuridão. Nado mas já não sei para onde. Quase me divirto em floreados com as mãos ou o grotesco das pernas e pés ampliados e distorcidos por tanto mar. Mesmo que não chegue pelo menos conheci-me de outra forma.

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