sexta-feira

Apagar

Dos blogados da vida os que mais custam a esquecer são os pedaços de caminho encolhido nos receios, nos pavores, nas deduções enferrujadas pelo achar que do outro lado haverá pedidos, compromissos. Não se apagam palavras. Engano de quem assim o ache. Até podem nem constar mais na sua forma escrita. Mas depois de terem sido ensaiadas, soletradas, dificilmente haverá pedaço de amnésia que as limpe. Isto a propósito do tempo passar. Isto a propósito da memória não ter tempo. Não esqueço os blogados do que se fez e os retalhos da minha mágoa dissipam-se num pano maior, o do passar a vida, mas sempre serão nitidas as costuras que os unem.

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