quarta-feira

Retiros

É de meu gosto saber-me aqui tão só. Não sinto precisão de visitas, não faço por assinalar a minha presença. Venho quando me apetece, escrevo quando quero. Deixo as incorrecções e as rasuras perfeitas para quem delas necessite. Eu passo bem com os meus erros, as minhas deformidades, os meus bocados de sentir. Serei anormal neste mundo virtual em que se gosta de audiência e se animam os rostos com presenças novas. Eu quero manter-me assim. Neste meu retiro espiritual.

terça-feira

Sendo bocados...

A propósito de aqui enunciar virtudes e pecadilhos, constatei que ao longo de um pouco mais de dois anos, exibi muito mais de mim do que contava. Ou até não. Porque afinal e conforme já aqui o escrevi, só me entenderá quem realmente souber do que falo. Na blogesfera bem entendido. Ou daquilo que sou, explicito. Porque posso ser manca e dizer-me escorreita, jovem e ter passado a validade entre os demais, sagaz e ser copiona manhosa de escritos alheios. Este faz de conta reúne os bocados do que que se gostaría ser. Infelizmente, não serei pasto de conversa de tricas pois sou apenas aqui o que sou num todo. Desculpem lá.

segunda-feira

Dizer o que se pensa

Excedo-me, transbordo o que vai por dentro. Animal raro, é assim que me olham. No fundo, todos têm vontade de fazer o mesmo, mas deixam o trabalho porco para quem não consegue conter fechado o que vai mal, acha mal, está mesmo mal. São bocados de mim que mostro, enfraqueço-me na revelação mas agiganto o respeito por mim mesma. E o resto, é isso, restos.

domingo

Códigos

A propósito da minha escrita fechada. Em mim. Porque o faço por mim e para mim. Pode parecer encriptada para que não se entenda o que escrevo, mas certo é, que se a disserem alto para dentro lerão o mesmo que eu. Blogados, bocados de sentir que levo e trago novos no final de cada dia. São esses os códigos da vida, surpreendermo-nos connosco como se de outro falassemos e escrevessemos contando uma história de alguém que conhecemos e nunca mais encontrámos.

sábado

O tempo (III)

Não é que o tempo me trouxe para perto coisas do passado? Justifico-me com o velho ditado da segunda meninice. Mas tão pouco aí cheguei, ainda. Então porque o relato de coisa ida se torna tão audível como um grito de salvação? Lembro-me agora com nitidez das coisas que já foram e esqueço-me com tão rasa facilidade das coisas que tomei como almoço.

sexta-feira

O tempo (II)

A propósito de pessoas e do tempo correr, em mim, nos outros. É bem verdade que as coisas ficam para trás. Algumas para assinalar gentes. E no entanto, dessas gentes, cada vez gosto mais de menos. Peneiro-as como coisas às que não me valem. Assinalo-as e neste tempo de juíz não me sinto injusta, só verdadeira comigo mesma.

quinta-feira

O tempo

A propósito do tempo passar. De se envelhecer. De se deixar dar importância a coisas que de facto não deixam de ser isso mesmo: coisas. Porque a propósito do tempo passar, passamos a gostar mais de pessoas, e a deixar envelhecer as coisas.

quarta-feira

Votos renovados

A propósito de prazer, de regresso, dos dedos nas teclas, das horas curtas para tanto dizer. Não deixei de escrever nesta ausência, apenas a contive nas páginas brancas. Por isso, agora estes bocados de mim sabem a outro de quem falamos doce e fundo, uma boda renovada entre dois amantes que se reencontram.

terça-feira

Longe&Perto

Entenda-se que o tratarmo-nos todos por tu neste universo espacial de cabos e vidro complica a continuidade da 2ª pessoa quando o território se confina ao bater de frente. Ao encontrar-se cara a cara, calor, hálitos, imperfeições da pele, olhos na cor de outrém. É que é dificil a proximidade quando nos encontramos tão perto uns dos outros. Busca-se o você, às vezes até Vossa Senhoria. Esvai-se a intimidade numa timidez corada pela lembrança do á-vontade. Retalhos cobardes.

Boa filha

A propósito do provérbio. E a propósito do meu silêncio. Que o termine quem saiba, ao provérbio, ao meu quê de inscrever palavras na memória e aqui voltar a esta boa casa de saudades e viveres do hoje. Sería incapaz de sobreviver sem os retalhos que as letras constróiem em sentimentos meus e me aquecem nas horas de (outros) silêncios em que o ruído sou só eu a respirar. Boa filha ao blog torna.