A escrita tem a faculdade de preservar momentos etéreos e aprisioná-los no papel por todo o tempo que o autor quiser. Esse é um poder que algumas artes têm. A verdade é que há um senão e embora perfeita, nada o é na sua plenitude, corta-se-lhe a capacidade de reprodução no acto do ponto último ou quando o autor assim o determina. Quer isto dizer, que por muito que tente, o escritor não consegue escrever o mesmo duas vezes seguidas, com o mesmo sentido, o mesmo sentimento. Na dança, a coreografia é anotada para que nos anos vindouros alguém a possa fazer segundo o modelo original. Dependendo do bailarino assim se tornará nova na renovação, mas sempre emparedada no que está destinado pela musica e pelos passos. No verbo assistimos às modulações da vontade, dos humores e na maioria dos amores. E no pintor escrevem as tintas a cor do verbo, tal como o escultor sente sob as mãos a pedra tornar-se lisa em palavras esculpidas a ferro e fogo.
sábado
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