quinta-feira

Blogados de dor

Não sou o tipo de pessoa que refere não gostar sem nunca ter provado. Vem isto a propósito de um certo jantar em que os convivas, depois de terem comido e bebido, sublinhe-se, todos muito bem, e todos menos eu já que não sou dada a largueza de comida e bebida, fizeram um brinde especial a que eu ergui o meu copo de água. Fulminaram a minha intenção, depois condenaram-me a um fracasso geral e por último obrigaram-me a beber vinho. Acedi porque quis. Apenas porque quis. Mas o pedaço de compaixão do parceiro do meu lado, ao inquirir-me pelos meus gostos de boca e ao verificar que eu apenas havía feito o jeito, valeu pelo gole. Havía uma verdade de dor pelo facto de não ser apreciadora e a pena estampada na sua face por eu desconhecer o que estava a perder era demais. Informei-o que sabía e que era gosto, opção, eu não gostava, prefería água. Mas não, ele não engoliu. E vazou o copo de tinto a celebrar a minha ignorância.