quarta-feira

Lutos

Tenho vindo a aprender que a idade adultera o luto. Isto a propósito da morte de alguém muito chegado. Tão chegado que não pensei que mo era. A vida tem destas ironias, o longe está em cima de nós e não nos apercebemos porque o carregamos continuadamente. A partida de uma pessoa da qual nos habituámos a saber, embora não a vendo, apenas sabê-la e nada mais, é tão mais devastadora do que aquela que choramos nos prantos sem controle. É um luto lento, perfurante, negro e sangrento que não fecha. É como uma ferida infectada. São bocados de mim que não consegui enterrar.