quinta-feira

Caír&crescer

Para começar implica forçosamente o terminar de alguma coisa? Se tiver de iniciar-me noutros blogados terei a imposta necessidade de liquidar estes? A desenfreada procura da felicidade faz esquecer muitas vezes as simples coisinhas que nos deleitaram quando o nosso mundo era exactamente esse mundo pequeno e redondo. À medida que essa bola vai aumentando de volume diminui por vezes o sentido que demos ao ponto de partida. Acho que não sería capaz de me esquecer deste pedaços, seguir caminho como se nunca tivessem estado aqui, linha a linha a fazerem uma trama forte como uma rede. Que me tem amparado em algumas alturas de euforia e queda.

domingo

Curta, curtíssima

A propósito de sinais exteriores de riqueza: O riso. E mais não digo.

sábado

Foram cravos, foram prosas

Cravos para que vos quero: Para enfeitar, porque o vermelho vai sempre bem, porque tem de ser neste dia, porque contaram que houve armas que neste dia em vez de balas dispararam cravos, porque que se quer parecer livre, porque se quer ter a melhor imagem. Tudo blogados, rotos, esfiapados de intenção na alma, pedaços de cópias decalcadas até ao enjoo. Tudo letras à solta, sem jeito, sem mão, sem doer e sorrir. Sem se saber nada de nada.

sexta-feira

Recados

Ler-me é fácil. Basta não usar de pretensões quanto ao que se pretende ler para além do que está escrito. Conhecer-me é dificil. Basta não usar dos mesmos meios com que se faz a aproximação a outrem. Porque do ler se conhecem muitos de mim. E de mim se lê muito do que se gosta nos outros.

quinta-feira

Um dia...

A propósito de Um dia. Um dia faço e aconteço. Um dia destes vai ver como lhe mordem. Um dia perco a paciência. Um dia há-de vir à procura e não encontra. Um dia torce a orelha e não deita sangue. Um dia vai saber com quantos paus se faz uma canoa. Um dia não são dias. Um dia negro. Um belo dia. Um dia de cão. Um dia de merda. Um dia será tarde. No meio de tantos dias porque será que não encontro um diazinho só que não surja sem ser em tom ameaçador, admoestador, quase fatal direi? Um dia faço um dia de frases em que todas se iniciem Um dia lindo em que tudo correu bem e foram gentis. Fim. Qualquer dia.

domingo

Poetisar

Cedo do dia as mãos começam um labor que não se estaca com o recolhimento nos bolsos. O trabalho prossegue em pedaços entremeados pela concentração do comezinho e o orgasmo da imaginação, que esta última é amante exigente e pede monopólios. É cedo do dia e gasto do todo de mim pequenos pedaços do sentir esvaíndo-me em teclas que me ferem os olhos a negro das letras, o branco do fundo é cenário, o coração é o mesmo de sempre, todo vermelho por tanto sentir.

sábado

Tic-tac

Estica-se como plasticina, elasticamente no desespero das contrariedades do que se faz, blogados de obrigação forçada. Doutras, mirra nas mãos como água que evapora. O tempo. O tempo pergunta ao tempo quanto tempo o tempo tem. E eu respondo que tem nada quando gosto e tem o Universo quando me aborrece.

segunda-feira

Desafios

É lugar comum dizer-se que somos desafiados todos os dias. Que a vida é uma competição. Que ao exigirem-nos nos exigimos. Estes blogados são o meu exemplo pessoal desse desiderato. Mas sería falso legendá-los como o meu maior desafio só porque falo de mim, das minhas opiniões, das minhas criticas e do meu olhar sobre a sociedade virtual onde estes retalhos se manufacturam sobre outros. Não deixam de ser importantes, mas o primordial é viver para fora desta trama e conseguir fazê-lo orientada pelos principios (meus) de que aqui falo.

domingo

Prato do dia

Não faças aos outros aquilo que eles não são capazes de solidariamente fazer por ti.

sábado

To be or not to be

Por vezes não basta ser-se quem se é, tem de se incrementar com o que esperam que sejamos.
Estes blogados acrescentados fazem muito dos que connosco partilham a vida, seja nas salas de trabalho, seja ao balcão de um bar. Mas não passam de ombros que roçam nos nossos, por vezes encontrões que não se consegue evitar. Andam sempre lado a lado, nunca abraçados ou nós a sentir-lhes o calor. São pedaços de faz de conta, um tecido muito bonito mas sem qualidade nenhuma.

sexta-feira

Blogados de palavras

Saber das palavras a corrente que arrasta seja na força da exultação seja no poço da mágoa, atribui-lhes a textura de uma pedaço de imagem. Deixam então de ser blogados, mas nunca retalhos abandonados no exercicio do que não se fruiu, antes deduções ou intuições que libertam elos ou os fundem ou os massificam num cadeado. Muito do que não se profere acaba a ser o peso do ferro, o peso da âncora, o peso da bigorna desperdiçada pelo seu mister.

quinta-feira

O desejar&o atingir

A propósito do som e do silêncio. A propósito da multidão e do isolamento. A propósito de se quererem ambas as coisas, não necessariamente nas alturas justas e não necessariamente chegadas nas alturas pedidas. A propósito daquilo que tanto desejamos e a propósito de quando as temos na mão deixarem de ser o objecto do nosso desejo. Porque é bom alcançarmos o que ansiamos mas o fantástico é o caminho que dura até lá chegar. Digo eu, a propósito de não gostar de coisas fáceis.

quarta-feira

Costurar (a lembrança e o perdão)

Enquanto houver sopro de coragem para me encarar nos blogados que me fazem aqui hei-de vir. Voltar sempre, sempre, mesmo que contra mim escreva, que afinal errare humanum est. Dos enganos fico sapiente, se bem que de muitos só por breves dias, a alma gosta de borrachas e só as coisas profundas deixam o sulco do imperdoável. São nestes bocados, esfarrapados, que mais aprendo, que mais costuro as minhas falhas. Há porém, uns que de tão esgaçados nem sequer me lembro deles.